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A Seniornet rende homenagem à atriz Betty Faria. Beleza e competência que independem de idade

Por Tony Goes

A mulher brasileira tem a fama de ser a mais liberada do mundo. A mais ousada do planeta na maneira de se vestir (ou de se despir). A mais à vontade com o próprio corpo.

Grande parte desta reputação é mais do que justificada. Afinal, somos o país que não só inventou a tanga como a reduziu à sua mínima essência, o fio-dental. A nudez parcial feminina é obrigatória não só nas praias, mas também nos desfiles de carnaval e até nos programas de auditório da TV.

Lembro-me do espanto de uma jornalista inglesa no concurso Miss Bumbum, que fui cobrir para o “F5” no final do ano passado. “Mas essas moças não se sentem exploradas?” Eu respondi que não, muito pelo contrário. São donas não só do próprio nariz, mas de tudo o que vem abaixo, e não têm nada do que se envergonhar.

Mas esta liberdade é ilusória. Vale lembrar que o “topless”, absolutamente corriqueiro na Europa há mais de trinta anos, jamais pegou em terras brasileiras. E ainda há uma patrulha enorme em cima de quem “pode” ou não exibir o corpo em público.

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Que o diga Betty Faria. A atriz sofreu um autêntico “bullying” virtual há alguns meses, depois que foram publicadas fotos em que ela aparece de biquíni na praia do Leblon, no esplendor dos 72 anos.

Uma verdadeira não-notícia, já que Betty mora no bairro há décadas e sempre frequentou suas areias em maiôs de duas peças. Mas, em tempos de “paparazzi” e internet, este fato banal gerou um pequeno escândalo.

Betty foi chamada de “velha” para baixo nos comentários às fotos, como costuma acontecer quando a grosseria é protegida pelo anonimato. Magoou-se, mas não se intimidou. Assinou um artigo na revista “Lola” defendendo seu direito de tomar sol do jeito que quiser.

“Então querem que eu vá à praia de burca, que eu me esconda, que me envergonhe de ter envelhecido? E a minha liberdade? Depois de tantas restrições alimentares, remédios para tomar, exercícios a fazer, vícios a evitar, todos próprios da idade, ainda preciso andar de burca? E o prazer, a alegria, meu humor?”

O bafafá em torno do biquíni de Betty Faria lembra outro, mais antigo. No começo dos anos 70, Leila Diniz ousou ir à praia exibindo o barrigão grávido de muitos meses. Teve até padre criticando a atitude, mas Leila foi uma pioneira. Abriu o caminho para outras. Hoje ninguém mais se choca ao ver uma grávida de biquíni.

Tomara que a rebeldia de Betty Faria tenha o mesmo efeito. Que mais mulheres de sua idade se inspirem em seu gesto e assumam o próprio corpo, com todos os defeitos e qualidades. Que frequentem a praia, ao lado das popozudas e das turbinadas.

Em tempo: neste domingo (7), Betty Faria foi fotografada na praia do Leblon usando um maiô de uma única peça. Antes que alguém a acuse de ter “capitulado”, a atriz já se defendeu no Twitter: “Quando vou com os netos, se precisar mergulhar numa onda e pegar a mão de um, é mais fácil maiô inteiro. Só isso.”

Viva a liberdade de escolha. E abaixo o patrulhamento machista, que já devia ter sido levado pelas ondas.

Fonte: Folhe de S. Paulo

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